“O desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns ?”.
- Não; a faculdade propriamente dita se radica no organismo; independe do moral.O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau, conforme as qualidade do médium”. (Ref. 1, Cap. XX - 226).
1 - AFINIDADE:
Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral.Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta influência não se pode verificar, se não havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é, lícito dizer-se, afinidade.A alma exerce sobre o espírito livre uma espécie de atração, ou repulsão, conforme o grau de semelhança existente entre eles.Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam.Se o médium é vicioso, em torno dele se vem grupar espíritos inferiores, sempre prontos a tomar lugar dos bons Espíritos evocados.As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: A bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais.Os defeitos que os afastam são: O orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria. (Ref. 1 - Cap. XX - 227).
Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos.A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma.O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora esta imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções. (Ref. 1. Cap. XX - 228).
A par disso, ponhamos em evidência o quadro do médium verdadeiramente bom, daquele em quem se pode confiar.Supor-lhe-emos, antes de tudo, uma grandíssima facilidade de execução, que permita se comuniquem livremente os Espíritos, sem encontrarem qualquer obstáculo material.Isto posto, o que mais importa considerar é de que natureza são os Espíritos que habitualmente o assistem, para o que não nos devemos ater aos nomes, porém à linguagem.Jamais deverá ele perder de vista que a simpatia, que lhe dispensam os bons Espíritos, estará na razão direta de seus esforços por afastar os maus.Persuadido de que a sua faculdade é um dom que só lhe foi outorgado para o bem, de nenhum modo procura prevalecer-se dela, nem apresentá-la como demonstração de mérito seu.Aceita as boas comunicações, que lhe são transmitidas, como uma graça, de que lhe cumpre tornar-se cada vez mais digno, pela sua bondade, pela sua benevolência e pela sua modéstia.O primeiro se orgulha de suas relações com os Espíritos superiores; este outro se humilha, por se considerar sempre abaixo desse favor. (Ref. 1, Cap. XX - 229).
2 - MÉDIUM PERFEITO:
“Sempre se há dito que a mediunidade é um dom de Deus, uma graça, um favor.Por que, então, não constitui privilégio dos homens de bem e porque se vêem pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela usam mal ?”.
Todas as faculdades são favores pelos quais deve a criatura render graças a Deus, pois que homens hão privados delas.Podereis igualmente perguntar porque concede Deus vista magnífica a malfeitores, destreza a gatunos, eloqüência aos que dela se servem para dizer coisas nocivas.O mesmo se dá com a mediunidade.Se há pessoas indignas que a possuem, é que disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem”.
“Os médiuns, que fazem mau uso das suas faculdades, que não se servem delas para o bem, ou que não as aproveitam para se instruírem, sofrerão as conseqüências dessa falta ?
- Se delas fizerem mau uso, serão punidos duplamente, porque têm um meio de mais se esclarecerem e o não aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável do que o cego que cai no fosso.”
“Há médiuns aos quais, espontaneamente e quase constantemente, são dadas comunicações sobre o mesmo assunto, sobre certas questões morais, por exemplo, sobre determinados defeitos.Terá isso algum fim ?”.
- Tem, e esse fim é esclarecê-los de certos defeitos.Por isso é que uns falarão continuamente do orgulho, a outros, da caridade.É que só a saciedade lhes poderá abrir, afinal, os olhos.Não há médium que faça mau uso da sua faculdade, por ambição ou interesse, que a comprometa por causa de um defeito capital, como o orgulho, o egoísmo, a leviandade, etc.E que, de tempos a tempos, não receba admoestações dos Espíritos.O pior é que as mais das vezes, eles não as tomam como dirigidas a si próprias”.
“Será absolutamente impossível as obtenham boas comunicações por um médium imperfeito ?”.
- Um médium imperfeito pode algumas vezes obter boas coisas, porque, se dispões de uma bela faculdade, não é raro que os bons Espíritos se sirvam dele, à falta de outro, em circunstâncias especiais; porém, isso só acontece momentaneamente, porquanto, desde que os Espíritos encontrem um que mais lhe convenha, dão preferência a este”.
“Qual o médium que se poderia qualificar de perfeito ?”.
- Perfeito, ah! Bem sabes que a perfeição não existe na Terra, sem o que não estaríeis nela.Dize, portanto, bom médium, e já é muito, por isso que eles são raros.Médium perfeito seria aquele contra o qual os maus Espíritos jamais ousariam uma tentativa de enganá-lo.O melhor é aquele que, simpatizando somente com bons Espíritos, tem sido o menos enganado”.
“Se ele só com os bons Espíritos simpatiza, como permitem estes que seja enganado ?”.
Os bons Espíritos permitem, às vezes, que isso aconteça com os melhores médiuns, para lhes exercitar a ponderação e para lhes ensinar a discernir o verdadeiro do falso.Depois, por muito bom que seja, um médium jamais é tão perfeito, que não possa ser atacado por algum lado fraco.Isso lhe deve servir de lição.As falsas comunicações, que de tempos em tempos ele recebe, são avisos para que não se considere infalível e não se ensoberbeça”.
“Quais as condições necessárias para que a palavra dos Espíritos superiores nos chegue isenta de qualquer alteração?”.
- Querer o bem; repulsar o egoísmo e o orgulho.Ambas essas coisas são necessárias”. (Ref. 1, Cap. XX - 226)
3 - REPELIR DEZ VERDADES A ACEITAR UMA FALSIDADE:
Desde que uma opinião nova venha a ser expedida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crivo da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom senso reprovarem.É melhor repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.Efetivamente, sobre essa teoria podereis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre a areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas claras e logicamente, mais tarde um fato brutal ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade.” (Ref. 1, Cap. XX - 230)
4 - REFERÊNCIAS:
1 - Kardec, Allan - “O Livro dos Médiuns” - 29ª Ed. - FEB - GB.
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Fernanda