03/11/2012

Guias e colares na umbanda -Rubens Saracenni


AS GUIAS OU COLARES NA UMBANDA

Escrito por Rubens Saraceni.
O uso de colares, pulseiras e talismãs é tão antigo quanto a própria humanidade.
Todos os povos antigos pesquisados adotavam o uso de colares confeccionados com pedras roladas, seixos, dentes de animais, pérolas, penas, sementes, pedaços de ossos ou de madeira esculpida, conchas, unhas de certos animais, cabelos humanos ou crinas de animais trançados etc.
São tantas as coisas usadas na confecção de colares que não nos é possível listar todas.
O uso com respeito de colares confeccionados de forma rudimentar se perde no tempo, tendo começado em eras remotas, quando ainda vivíamos em cavernas ou éramos nômades, mas precisávamos de protetores contra o mundo sobrenatural inferior ou contra o perigo de animais e insetos venenosos ou os malefícios feitos por outras pessoas etc.
Então, que fique claro aos umbandistas que o uso de colares ou "guias de proteção" não é uma coisa só da Umbanda ou dos cultos afros aqui estabelecidos. Inclusive, os índios americanos também usavam e ainda usam colares, braceletes, pulseiras e talismãs, tal como fazia e faz o resto da humanidade.
Os padres da Igreja Católica usam rosários, crucifixos pendurados no pescoço (um colar, certo?), escapulários etc., assim como todos os sacerdotes da maioria das religiões atuais o fazem com seus colares consagrados.
Enfim, não há nada de excepcional, incomum ou fetichista no fato de os médiuns umbandistas usarem colares de proteção ou de trabalhos espirituais quando incorporados pelos seus guias.
O uso de colares era tão comum na Antiguidade que originou a ourivesaria e a joalheria como indústrias manufaturadoras de colares, pulseiras, braceletes, talismãs, tiaras etc., para atender aos sacerdotes e aos fiéis mais abastados que preferiam ter objetos de proteção confeccionados com pedras e metais preciosos e de difícil aquisição pelo resto dos membros dos clãs ou tribos do passado.
Reis, rainhas, príncipes, imperadores, ministros etc., que formavam a elite dos povos antigos, não usavam colares comuns ou de fácil confecção, mas recorriam a artesãos especializados para confeccioná-los, tomando a precaução de terem colares exclusivos.
Cadáveres eram enterrados com colares, talismãs etc., pois precisavam proteger seus espíritos no mundo dos "mortos", assim como haviam precisado deles aqui no mundo dos "vivos", e isso acontece até os dias de hoje na cultura ocidental cristã, na qual o uso antigo de colares mágicos e protetores perdeu seus fundamentos, sendo substituído por gravatas, lenços, cachecóis, fitas etc. que envolvem o pescoço dos vivos e dos cadáveres, certo?
Portanto, irmãos(ãs) umbandistas, não se sintam constrangidos(as) por usar em público colares ou "guias", pois não é em nada diferente do que todo mundo faz.
Bem, até aqui só comentamos o que é história e fato comprovável observando os sacerdotes e fiéis de todas as religiões que, sem se aperceberem disso, usam esse recurso mágico para se proteger do mundo sobrenatural.
Logo, o uso de guias ou colares, braceletes, pulseiras, tiaras (proteção à cabeça ou coroa) etc. tem fundamento mágico e deve ser entendido e aceito por todos os umbandistas como um dos fundamentos mágicos da nossa religião. Desde o seu início, fomos instruídos a usá-los pelos nossos guias espirituais, que os consagram e os usam durante os passes mágico-energéticos dados nos consulentes em dias de trabalho.
Só que a maioria dos umbandistas compra colares, braceletes, pulseiras, talismãs etc. sem saber ao certo quais são seus poderes ou usos mágicos. E vemos muitos médiuns com muitos colares belíssimos no pescoço, mas que, se perguntados sobre o porquê de usarem tantos de uma só vez, responderão que seus guias espirituais lhes pediram.
E, se perguntados sobre os fundamentos de cada um deles, infelizmente não saberão dizer quais são, porque isso não é ensinado regularmente na Umbanda e o pouco que sabem foi ensinado por seus guias espirituais.
Na Umbanda não existem muitas pessoas preocupadas com os seus fundamentos divinos, espirituais, mágicos, litúrgicos etc., e todos querem "resultados" e ponto final.
Só que isso, essa falta de preocupação com os fundamentos, está deixando de lado importantes conhecimentos e fazendo com que objetos mágicos sagrados sejam utilizados de forma profana e objetos profanos sejam usados como se fossem sagrados, pois já não há informações correntes e de fácil acesso aos médiuns umbandistas, ensinando-os corretamente e esclarecendo sobre quando e como usar colares, braceletes, pulseiras, talismãs etc.
E não adianta os mais "antigos" ficarem contrariados por essa nossa afirmação, pois ou não sabiam quais eram esses fundamentos, e por isso não ensinaram aos seus filhos-de-fé, ou então, se sabiam e não ensinaram, são os responsáveis pelo que está acontecendo com os novos umbandistas, que não têm quem ensine nada a respeito, certo?
Bem, vamos aos fundamentos ocultos dos mistérios dos colares, dos braceletes, das pulseiras, dos anéis, das tiaras e dos talismãs, e como consagrá-los corretamente, beneficiando-se do poder de realização que adquirem quando isso é feito por eles.
1º – Um colar, anel, bracelete, pulseira e tiara ou "coroa" é em si um "círculo".
2º – Por círculo estável entenda aquele que tem forma imutável (anéis e coroas).
3º – Por círculo maleável entendam aquele que é flexível e movimenta-se, abre-se ou fecha-se segundo os movimentos do seu possuidor (colares, braceletes e pulseiras).
4º – O círculo é um espaço mágico, então pode ser consagrado e usado para uma ou mais funções pelo seu possuidor, porque se torna em si um espaço mágico ativo e funcional muito prático e fácil de ser usado.
5º– É certo que esse fundamento só era conhecido dos grandes magos da era cristalina e perdeu-se quando ela entrou em colapso, restando o conhecimento aberto ou popular de que eram poderosos protetores contra inveja, mau-olhado, fluidos e vibrações negativas, encostos espirituais e magias negativas.
6º – O conhecimento popular perdurou e acompanhou a evolução da humanidade, e várias fórmulas consagratórias foram desenvolvidas no decorrer dos tempos por magos, inspirados pelos seus mentores espirituais.
7º – Essas fórmulas consagratórias "exteriores" ou exotéricas puderam ser ensinadas e perpetuadas, auxiliando a humanidade no decorrer dos tempos.
8º – Mas, lembrem-se disto: são, todas elas, apenas fórmulas consagratórias exteriores ou exotéricas cujos fundamentos ocultos não foram revelados.
9º – Assim, porque os fundamentos ocultos não foram revelados, o poder dos colares, braceletes, pulseiras, anéis, tiaras e coroas só tem sido usado como protetor... e nada mais.
10º – A Umbanda, derivada dos cultos religiosos indígenas, afros e europeus, adotou o uso de colares, braceletes, pulseiras, anéis, tiaras, coroas etc. ainda que seus adeptos nada soubessem sobre os fundamentos mágicos secretos existentes por trás de cada um desses objetos. Índios brasileiros, negros africanos, brancos europeus ou mesmo hindus cheios de colares no pescoço, pouco ou nada ensinaram sobre a consagração interna ou esotérica que dariam a esses objetos (e outros, às imagens inclusive) um poder de realização tão grande que não seriam vistos apenas como adereços ou fetichismo, e sim com respeito e admiração por quem olhasse para eles ou os visse de relance.
11º – Que alguém, umbandista ou não, diga-nos se algum dia leu ou ouviu de outrem algo sobre os fundamentos ocultos e esotéricos dos colares, braceletes, pulseiras, anéis, tiaras, coroas, imagens, símbolos e demais objetos mágicos. Com certeza só ouviu dizer que são fortes protetores contra isso ou aquilo... e nada mais. Já os sábios hindus ou os velhos babalaôs sempre disseram e ensinaram seus seguidores que esses adereços consagrados por eles ou segundo suas fórmulas consagratórias (todas externas e exotéricas) tornam-se poderosos talismãs ou patuás que dão proteção contra isso ou aquilo.
12º – Nós (e você) sabemos que nunca lhe ensinaram que aqueles colares, braceletes, pulseiras, anéis, tiaras, coroas e demais objetos mágicos usados nos seus trabalhos espirituais ou assentados no seu terreiro têm outras finalidades além das de protegê-los ou aos seus trabalhos, certo?
13º – Até os seus guias espirituais (Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, Boiadeiros, Marinheiros, Baianos, Encantados, Exus, Pombas-gira, Exus-Mirins, Ciganos etc.) pouco lhes disseram sobre os mistérios de seus objetos mágicos consagrados por eles externamente ("cruzados" por eles é o termo mais adequado), não é mesmo?
14º – Você usa os colares, pulseiras, braceletes, anéis, tiaras, coroas etc. que eles cruzam e sente-se protegido contra inveja, mau-olhado, maus fluidos etc. e não dá maior valor que o de simples protetores, pois eles foram cruzados e ativados segundo rituais ou processos externos, praticados por guias espirituais impossibilitados de fazê-los segundo o ritual ou processo interno, que só pode ser feito a partir do lado material da vida, por uma pessoa conhecedora desse mistério.
15º – Se isso tudo está sendo revelado agora, um século após a fundação da Umbanda, é para que os umbandistas deixem de procurar em outras religiões ou nos cultos afros aqui estabelecidos os fundamentos sagrados, ocultos e esotéricos (iniciatórios) de sua religião, pois eles (todos, sem exceção) só revelam os fundamentos externos e exotéricos abertos por eles e desconhecem os fundamentos sagrados da Umbanda, que não sejam os deles.
16º – Então, como um umbandista irá obter com eles o que desconhecem da Umbanda e só conhecem de suas próprias religiões e de suas práticas mágico-religiosas, que fazem porque funcionam?
17º – Está na hora, pois ela chegou, de os umbandistas e suas práticas começarem a ser copiados pelos adeptos das outras religiões.
18º – Também chegou a hora de eles (os praticantes das outras religiões afros) respeitarem o poder mágico da Umbanda e pararem de dizer, com a "boca cheia" de orgulho, que a Umbanda não tem fundamentos e que a religião deles é que os têm.
19º – Está na hora de os umbandistas descartarem as fórmulas "secretas", antiquadas e com fundamentos internos alheios e só recorrerem a fórmulas consagratórias suas, muito bem fundamentadas no lado divino de seus cultos, fórmulas estas muito mais poderosas que as deles, pois as nossas são internas, iniciatórias, consagratórias e sagradas.
20º – A Umbanda é uma religião mágica que tem seus próprios fundamentos e não precisa recorrer aos outros, que podem servir para os seus adeptos, mas não servem para os umbandistas.
21º – Chega de buscar fora, e com quem não tem nada a ver com a Umbanda, o que não têm para dar aos umbandistas, mas que não perdem a oportunidade de se mostrar "poderosos" e de explorar a boa-fé de pessoas mal orientadas dentro de nosso culto.
22º – Chega de umbandistas entregarem suas "coroas" a meros "fazedores de cabeça" que só querem sua escravidão e subserviência, pois, após "fazerem a cabeça" do mal informado umbandista acham-se donos dele e de suas forças espirituais.
23º – Está na hora, pois ela chegou, de os umbandistas sentirem mais orgulho, de terem mais confiança em suas práticas mágico-religiosas e de olharem com indiferença ou como estranhas as práticas mágico-religiosas alheias, que tanto não lhes pertencem como lhes são dispensáveis mesmo!
Texto extraído do Livro ―Formulário de Consagrações Umbandistas". Editora Madras / Rubens Saraceni

Receita- Trufas naturais

Ingredientes:

*2 xícaras de uva passa preta*
*2 colheres de sopa de cacau em pó*
*1/2 xícara de nozes pecã (ou castanha do pará)*
*1 colher de sopa de tahine (pasta de gergelim)*

Passar todos os ingredientes no processador até formar uma massa uniforme.

Enrolar como brigadeiro e passar no cacau em pó

Meditação totemica


· Visualize seu animal guardião num local focalizado por uma luz dourada.

· Não se distraia com nada, não pense em nada que não seja o seu animal, que está dentro de você.

· Começando pelo Sul, peça ao seu animal para pedir auxílio aos espíritos guardiões e elementos das 4 Direções.

· Vá a SUL, Oeste, Norte, Leste e Sul.

· Peça ao animal ir ao Espírito acima e à Mãe-Terra, abaixo. 

· Peça para seu animal se mover para a sua mão direita.

· Respire profundamente por 4 vezes, a cada vez que completa a sua respiração visualize seu animal.

· Agora deixe sua respiração fluir livremente, visualizando seu animal na mão esquerda e balançando suavemente.

· Não faça nenhum som até você sentir a vibração de seu animal. Quando sentir imite-o.

· Sinta o ritmo do seu animal.

· Balance em seu ritmo.

· Vá parando o balanço.

· Agora perceba a vibração do animal, sem som e sem movimento.

· Sinta-o dentro de sua mente.

· Sinta-o dentro do coração.

· Coloque-o em sua memória corporal.

· Relaxe.

· Mova o animal novamente para a sua mão direita.

· Faça 4 respirações profundas, visualizando as cores 

. vermelho

. laranja

· amarelo

· verde

· azul

· índigo

· violeta

· branco

· vazio

· Agora focalize sua mente no espaço vazio e peça para o seu animal trazer-lhe uma visão. Apenas deixe-os fluir naturalmente como a sua respiração. Você se lembrará do que necessitar ver.

· Pare as figuras e escureça a visão.

· Agora abra os olhos e recrie assim como você viu em seus olhos da mente se puder.

· Você poderá achar melhor voltar seus olhos para o teto ou para o céu, enquanto você faz isto.

· Não faça força para se lembrar. Deixe os pensamentos para trás e descanse.

· Fique quieto.

· Quando você estiver pronto coloque o seu animal na mão direita e faça 4 respirações. A cada respiração visualizando o animal.

· Mova o animal para a mão esquerda e respire naturalmente.

· Com os olhos abertos, concentre-se em apenas um aspecto do seu animal.

· Continue concentrado num aspecto e escute cuidadosamente.

· Peça ao seu animal criar um som que você pode ouvir. É fácil com os animais. Peça um som claro.

· Escute.

· Agora tente fazer um som igual com sua própria voz interior.

· Ouça novamente.

· Agora faça o som para fora se você puder. Senão faça com sua voz interior novamente.

· Agora volte ao silêncio dentro e fora

· Descanse por uns momentos.

· Agora coloque o animal em sua mão direita e mais uma vez faça 4 respirações.

· Volte o animal para sua mão esquerda e respire naturalmente.

· Com seus olhos fechados, peça para o seu animal para enviar uma fragrância para você.

· Quando você receber a fragrância, abra os olhos e reviva a experiência.

· Você vai fazer a mesma coisa para pedir o gosto.

· Agora coloque o seu animal no coração e peça para que ele lhe passe uma emoção ou sentimento.

· Respire profundamente e vivencie a emoção.

· Respire profundamente e devolva a experiência para o animal. Transmita o sentimento para o animal.

· Coloque o animal em sua mão direita e descanse.

· Respire 4 vezes e coloque seu animal na base da espinha, no cóccix.

· Respire devagar e profundamente, criando uma imagem em seu olho mental de um raio nas cores : vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo, violeta.

· Respire profundamente, abra e feche suas mãos e agora as cores vão do topo da cabeça para a base da espinha.

· Agora passe seu animal de suas costas para ambas as mãos, e alongue os braços.

· Respire 4 vezes no animal e calmamente traga-o até a terceira visão.

· Mantenha-o por um momento, então gentilmente, coloque poucos metros a sua frente.

· Respire profundamente e expresse sua gratidão.

· Honre as 4 Direções.

· Descanse.

Amor - Paz e Luz !





Léo Artese - 19/03/2005
http://www.terramistica.com.br/

Animais de poder,totem e aliados


Conforme vai crescendo a popularidade do xamanismo, notamos que um tipo de prática parece aguçar mais a curiosidade das pessoas, que é o contato com Espíritos Animais.

Existe hoje um número grande de publicações, livros, cartas e oráculos baseado nesse aspecto do xamanismo, o que pode gerar um pouco de confusão quanto o que são Espiritos Animais.

Primeiramente Espíritos Animais não são uma tradição exclusiva de tribos Norte Americanas. Existem um sem número de tradições xamanicas (andina, siberiana, chinesa, africana...) que trabalham com alguma forma de relacionamento com Espíritos Animais e, nem sempre, o conceito ou o significado espiritual de cada animal é compartilhado entre elas.

Esses animais são espíritos e não símbolos de prosperidade, amor, dinheiro ou coisa que o valha. No decorrer da história, alguns animais acabaram associados a uma idéia em particular, mas isso são costumes culturais e não um arquétipo universal.

Portanto, todo material que tiver sobre animais ou Espíritos Animais, pode ser útil pra entender alguns aspectos de sua natureza, mas somente através de contatos diretos é que podemos entender realmente a mensagem.

Segundo a tradição que conheço existem alguns tipos diferentes de Espíritos Animais, são eles Animais de Poder, Totens e Aliados.

Totem

O termo Totem não se refere particularmente a um Espírito Animal, mas antes a um Espírito Ancestral associado a uma linhagem familiar, tribo, grupo, empresa, etc. Eles não estão presos a formas e podem aparecer como uma pedra ou uma planta, ou como uma força, como vento ou trovão, mas são as formas animais as mais comuns. Essa forma de manisfestação é tão antiga que podemos observar até hoje o quão forte é essa influência. Apesar de não ter o mesmo significado ou intento, indústrias, times de futebol, equipes, festas, carros, empresas, continuam a usar Totens como símbolos, como escudos, assim como os povos antigos, pintando em suas roupas, recriando suas imagens, usando suas peles ou mimetizando seus passos em danças e uma série de outras formas.

Animal de Poder

De acordo com varias tradições xamânicas, cada pessoa tem pelo menos um Animal de Poder. Esse espírito é individual, de cada um, e está ligado ao íntimo de seu próprio espírito. São chamados de animais de poder porque o poder ou força de vida primal chegam a nós através deles.

Em algumas tradições são chamados de "Alma Animal" porque seria uma das almas necessárias pra se formar um indivíduo.

Esses espíritos tedem a tomar forma ou moldar sua força de vida de acordo com sua natureza. É comum assumirmos certas posturas, ou mesmos que nossos traços fisicos passem a se mostrar cada vez mais próximos aos do animal que tomamos contato. Por conta disso, existe a tentação de tentarmos escolher um determinado animal de poder, por ele ter características que gostaríamos que os outros vissem em nós. Mas isso é uma tentativa totalmente sem fundamento, pois nós não escolhemos um Animal de Poder, eles que se apresentam a nós por vontade própria.

Como espiritos, eles escolhem nossa companhia por encontrarem alguma coisa em nosso íntimo que reflete sua natureza. Eles nos trazem a percepção de nossos dons que talvez por medo ou negligência, não damos atenção ou utilizamos de forma errada.

Eles ficam conosco por toda a vida, outros espíritos podem vir e ir, porém nosso Animal de Poder não nos deixa, a não ser em casos extremos, como traumas ou profundas mudanças na vida. Nesses casos, o espírito deve ser recuperado ou um novo espírito pode ser invocado.

Segundo a tradição, nosso Animal de Poder pode se mostrar em sonho, visões, meditações, ou por meio de um xamâ experiente.

Aliados

Espíritos Aliados aparecem em momentos de nossas vidas, ou porque chamamos por ajuda, em reposta a nossas preces, ou simplesmente por estarem curiosos com o que temos feito. Eles podem ser chamados pra resolver alguma questão ou para invocarmos sua medicina. É esse tipo de Espírito Animal que se mostra através de oráculos, como esses decks de cartas de animais, ou aparecendo em meditação com alguma mensagem, ou se mostrando em nossa vida cotidiana. Agem como guias e professores, podem nos levar a jornadas por outros mundos, ajudam a curar, alguns criam um laço de amizade longo e duradouro, outros usam uma forma de troca ou barganha, nesse caso é bom ter cautela, não é uma regra, mas répteis, insetos, animais mitológicos, animais feridos ou que mostrem seus dentes ou garras nem sempre são amistosos, confie em seus intintos, e não tema virar as costas e ir embora. Se o espírito realmente é um enviado do Grande Espírito, ele entenderá sua atitude e aguardará seu retorno, porventura se mostrando de uma outra forma.
 
 
Marcus Fraga - 25/08/2005
http://www.terramistica.com.br/

Os animais de poder na cura nativa


A sacralização dos animais vem de época muito remota, onde a relação ser humano e animal se dava pela convivência próxima e a necessidade de sobrevivência. Essa proximidade instigou no ser humano a observação dos animais e a descoberta de similaridades no comportamento instintivo de ambos, estando, então, não somente ligados pelo fator sobrevivência, mas também a poderes mágicos e divinos.Assim, ser humano e animal, ocupando o mesmo espaço, estabeleceram vários tipos de relações, como a de caça e caçador, domesticação, guardiões e representantes das forças divinas e naturais.

Na mitologia nativa, bem como na arte, encontramos o desenrolar místico da relação ser humano-animal. As tradições ameríndias estão impregnadas de uma essência mítica trazendo até nós feitos de guerreiros, caçadores, tribos, curandeiros e suas relações com seres encantados, deuses, espíritos ancestrais e animais de poder.

Através das lendas podemos garimpar esses significados, trazendo à tona as jornadas criativas dos habitantes nativos do norte ao sul do Brasil. Essas jornadas trazem em seu cerne elementos que podem auxiliar-nos hoje na busca da compreensão do ser humano na sua totalidade, no nosso autoconhecimento, através da sua relação com os animais de poder e sua visão mágica de mundo.

Associando aos animais de poder certas manifestações divinas, encontramos na tradição oral Guarani, o Grande Espírito, Ñamandu, manifestando-se na forma de um colibri, capaz de ver a totalidade a partir do sutil mundo do espírito. A coruja também foi outra forma de sua manifestação. Como Coruja, o Pai-Mãe Criador na Noite Cósmica criou a Sabedoria.

Ainda, dentro do mito da criação Guarani, há uma nítida relação entre a serpente, eixo que rege a vida, e a coluna vertebral humana, sustento do corpo material e espiritual, a que os hindus chamam kundalini.

Os antepassados da tribo dos Panará, chamados de "os de antes" (suankyara), são uma combinação de ser humano e animal. São eles os responsáveis por darem nomes às coisas e aos homens.

Para os Yanomami da Amazônia e Venezuela, todo homem tem como seu duplo anímico um animal de poder, chamado de "duplo animal". Os animais também podem ser espíritos de ancestrais, que vivem nas florestas e que assumiram essa forma por terem comportamentos descontrolados ou fora de alguma regra social.

O folclore brasileiro ainda traz inúmeras descrições de animais com poderes peculiares, humanos com poder de assumir formas animais, amuletos, danças que imitam seus movimentos e sons. Temos o boto, o uirapuru, a sereia, o muiraquitã, a cobra grande, o boitatá, enfim, um grande universo místico e mágico a ser explorado além das fronteiras históricas e antropológicas.

Conectar com um animal de poder através de sua sabedoria de sobrevivência, comportamento e maestria é conectar com nossa própria essência e com as qualidades instintivas que tem o ser humano como parte da Natureza. Compreender a essência dessas criaturas é ativar nossa própria cura e conectarmos com o espiritual através de suas manifestações. A associação do ser humano com o poder totêmico de um animal o faz conhecer seu lado inconsciente.

Para complementar essa breve abordagem, dispusemos aqui alguns animais de poder e suas características segundo algumas culturas nativas brasileiras:

UIRAPURU - Pássaro raro, não se permite ver facilmente. Quando se mostra, sempre está disfarçado para que não o notem. Seu canto é inédito, mas é considerado de beleza rara e única. Traz paz e ao cantar todas as outras criaturas da floresta calam-se para ouvi-lo.

COLIBRI - Em geral, os seres alados são mensageiros entre os homens e os deuses por sua capacidade de voar em direção aos céus. O colibri é mensageiro do Grande Espírito, Pai-Mãe Criador. É sinal de proteção, expressão do sagrado e indício de caminho correto. Ágil, o colibri se manifesta trazendo sempre alguma orientação espiritual importante.

SERPENTE - A serpente é aquela que ergue a vida e cria a realidade, é o poder criativo, transmutador e nos faz conhecer valores profundos do ser. Para os Guarani, é o eixo por onde se ergue o ser humano, a coluna vertebral. Na sua base está o poder gerador de vida da Grande Mãe.

CORUJA - É a sabedoria. Tem a capacidade de ver o oculto e inconsciente. Conhecedora dos mistérios, ela permite-nos vencer o temor e aprender a qualidade da consciência do existir em todos os níveis e do fluir. Por ver na escuridão, sua qualidade também está no ultrapassar as limitações do perceptível, mostrando-nos a totalidade e as várias realidades, da qual o mundo material é apenas uma parte.

RÃ - É símbolo da fertilidade, abundância, união, tanto que foi representada por tribos do norte do Brasil em amuletos chamados "muiraquitãs".

ESCORPIÃO - Animal de poder muito importante encontrado na cerâmica de civilizações amazônicas, representa a proteção e a preservação da natureza humana ou animal. Está associado à capacidade de atacar quando ameaçado, sendo capaz de qualquer coisa para manter a sua integridade.

JABUTI - É um animal de grande longevidade. Suas qualidades estão associadas à esperteza, inteligência, paciência, tranqüilidade, atenção, fé, força e coragem.

PAPAGAIO - Assim como a arara, o papagaio é multicolor, transmite alegria e a força do arco-íris. Desperta a retórica, o saber falar e o quê falar. Pelo seu poder de comunicação, aproxima-se facilmente do homem. Pode ser considerado uma ponte entre o mundo dos pássaros e dos humanos.

ONÇA - A onça é deliberadamente solitária. É astuciosa, observa os movimentos da presa antes de atacá-la. Como qualidades desse animal, desperta o aprender a conviver consigo mesmo e a não depender dos outros para atingirmos objetivos. Ensina a conquista do nosso espaço, a cautela, o saber agir, a habilidade e a agilidade.