08/08/2010

OMOLU..ORIXÁ DA UMBANDA

Omulu é o orixá que rege a morte, ou no instante da passagem do plano
material para o plano espiritual (desencarne) .

É com tristeza que temos visto o temor dos irmãos umbandistas quando é
mencionado o nome do nosso amado Pai Omulu. E no entanto descobrimos que
este medo é um dos frutos amargos que nos foram legados pelos ancestrais
semeadores dos orixás em solo brasileiro, pois difundiram só os dois
extremos do mais caridoso dos orixás, já que Omulu é o guardião divino dos
espíritos caídos.

O orixá Omulu guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejaram durante
sua jornada carnal e entregaram-se à vivenciação de seus vícios emocionais.

Mas ele não pune ou castiga ninguém, pois estas ações são atributos da Lei
Divina, que também não pune ou castiga. Ela apenas conduz cada um ao seu
devido lugar após o desencarne. E se alguém semeou ventos, que colha sua
tempestade pessoal, mas amparado pela própria Lei, que o recolhe a um dos
sete domínios negativos, todos regidos pelos orixás cósmicos, que são
magneticamente negativos. E Tatá Omulu é um desses guardiões divinos que
consagrou a si e à sua existência, enquanto divindade, ao amparo dos
espíritos caídos perante as leis que dão sustentação a todas as
manifestações da vida..

Esta qualidade divina do nosso amado pai foi interpretada de forma incorreta
ou incompleta, e o que definiram no decorrer dos séculos foi que Tatá Omulu
é um dos orixás mais "perigosos" de se lidar, ou um dos mais intolerantes, e
isto quando não o descrevem como implacável nas suas punições.

Ele, na linha da Geração, que é a sétima linha de Umbanda, forma um par
energético, magnético e vibratório com nossa amada mãe Yemanjá, onde ela
gera a vida e ele paralisa os seres que atentam contra os princípios que dão
sustentação às manifestações da vida.

Em Tatá Omulu descobri o amor de Olorum, pois é por puro amor que uma
divindade consagra-se por inteiro ao amparo dos espíritos caídos. E foi por
amor a nós que ele assumiu a incumbência de nos paralisar em seus domínios,
sempre que começássemos a atentar contra os princípios da vida.

Enquanto a nossa mãe Yemanjá estimula em nós a geração, o nosso pai Omulu
nos paralisa sempre que desvirtuamos os atos geradores. Mas esta "geração"
não se restringe só à hereditariedade, já que temos muitas faculdades além
desta, de fundo sexual. Afinal, geramos idéias, projetos, empresas,
conhecimentos, inventos, doutrinas, religiosidades, anseios, desejos,
angústias, depressões, fobias, leis, preceitos, princípios, templos, etc.

Temos a capacidade de gerar muitas coisas, e se elas estiverem em acordo com
os princípios sustentados pela irradiação divina, que na Umbanda recebe o
nome de "linha da Geração" ou "sétima linha de Umbanda", então estamos sob a
irradiação da divina mãe Yemanjá, que nos estimula.

Mas, se em nossas "gerações", atentarmos contra os princípios da vida
codificados como os únicos responsáveis pela sua multiplicação, então já
estaremos sob a irradiação do divino pai Omulu, que nos paralisará e
começará a atuar em nossas vidas, pois deseja preservar-nos e nos defender
de nós mesmos, já que sempre que uma ação nossa for prejudicar alguém, antes
ela já nos atingiu, feriu e nos escureceu, colocando-nos em um de seus
sombrios domínios.

Ele é o excelso curador divino pois acolhe em seus domínios todos os
espíritos que se feriram quando, por egoísmo, pensaram que estavam atingindo
seus semelhantes. E, por amor, ele nos dá seu amparo divino até que, sob sua
irradiação, nós mesmos tenhamos nos curado para retomarmos ao caminho reto
trilhado por todos os espíritos amantes da vida e multiplicadores de suas
benesses. Todos somos dotados dessa faculdade, já que todos somos
multiplicadores da vida, seja em nós mesmos, através de nossa sexualidade
seja nas idéias, através de nosso raciocínio, assim como geramos muitas
coisas que tornam a vida uma verdadeira dádiva divina.

Tatá Omulu, em seu pólo positivo, é o curador divino e tanto cura alma
ferida quanto nosso corpo doente. Se orarmos a ele quando estivermos
enfermos ele atuará em nosso corpo energético, nosso magnetismo, campo
vibratório e sobre nosso corpo carnal, e tanto poderá curar-nos quanto nos
conduzir a um médico que detectará de imediato a doença e receitaria
medicação correta.

O orixá Omulu atua em todos os seres humanos, independente de qual,. seja a
sua religião. Mas esta atuação geral e planetária processa-se através de,
uma faixa vibratória especifica e exclusiva, pois é através dela que fluem
as irradiações divinas de um dos mistérios de Deus, que nominamos de
"Mistério da Morte".

Tatá Omulu, enquanto força cósmica e mistério divino, é a energia que se
condensa em torno do fio de prata que une o espírito e seu corpo físico, e o
dissolve no momento do desencarne ou passagem de um plano para o outro.
Neste caso ele não se apresenta como o espectro da morte coberto com manto e
capuz negro, empunhando o alfanje da morte que corta o fio da vida. Esta
descrição é apenas uma forma simbólica ou estilizada de se descrever a força
divina que ceifa a vida na carne.

Na verdade, a energia que rompe o fio da vida na carne é de cor escura, e
tanto pode parti-lo num piscar de olhos quando a morte é natural e
fulminante, como pode ir se condensando em torno dele, envolvendo-o todo até
alcançar o espírito, que já entrou em desarmonia vibratória porque a
passagem deve ser lenta, induzindo o ser a aceitar seu desencarne de forma
passiva.

O orixá Omulu atua em todas as religiões e em algumas é nominado de "Anjo da
Morte" e em outras de divindade ou "Senhor dos Mortos".

No antigo Egito ele foi muito cultuado e difundido e foi dali que partiram
sacerdotes que o divulgaram em muitas culturas de então. Mas com o advento
do Cristianismo seu culto foi desestimulado já que a religião cristã recorre
aos termos "anjo" e "arcanjo" para designar as divindades. Logo, nada mais
lógico do que recorrer ao arquétipo tão temido do "Anjo da Morte", todo
coberto de preto e portando o alfanje da morte, para preencher a lacuna
surgida com o ostracismo do orixá ou divindade responsável por este momento
tão delicado na vida dos seres.

O culto a Tatá Omulu surgiu entre os negros levados como escravos ao antigo
Egito, que o identificaram como um orixá e o adaptaram às suas culturas e
religiões. Com o tempo, ele foi, a partir desse sincretismo, assumindo sua
forma definitiva, até que alcançou o grau de divindade ligada à morte, à
medicina e às doenças. Já em outras regiões da África, este mistério foi
assumindo outras feições e outros orixás semelhantes surgiram, foram
cultuados e se humanizaram. "Humanizar-se" significa que o orixá ou a
divindade assumiu feições humanas, compreensíveis por nós e de mais fácil
assimilação e interpretação.

Tatá Omulu não vibra menos amor por nós do que qualquer um dos outros orixás
e está assentado na Coroa Divina, pois é um dos Tronos de Olorum, o Divino
Criador.

Atotô, meu pai!

TRECHOS EXTRAÍDOS DO LIVRO "O CÓDIGO DE UMBANDA" DE RUBENS SARACENI

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desta lista.
brigithlua@gmail.com

[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]

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