Regressão de memória
O termo tem seu significado a partir da verificação de que é possível, a qualquer pessoa, lembrar-se de acontecimentos passados dos quais foi protagonista. Tal passado verificou-se não se restringir à atual existência. Alguns experimentadores e, principalmente, terapeutas, esbarraram em vivências de seus “sujeitos” que extrapolaram de forma categórica os limites da vida intra-uterina.
Não havia qualquer indução do operador ao sujeito quanto a crença na reencarnação. As ocorrências verificadas em consultórios de psicólogos se deram independentes do desejo ou dos conhecimentos dos profissionais e de seus clientes. A exemplo disto citamos os trabalhos do Dr. Morris Netherton, nos EUA. No prefácio da edição americana de seu livro Vidas Passadas em Terapia, de julho de 1979, o Doutor em Medicina Walter Steiss afirma categoricamente: “Embora a doutrina da reencarnação seja utilizada como um instrumento dessa forma de terapia, a crença na mesma não é imprescindível ao seu êxito.”
O campo da pesquisa sobre reencarnação, através da regressão de memória, bem como sua utilização clínica, é uma área com grande quantidade de informações, envolvendo experimentadores e terapeutas em várias partes do mundo. De Rochas (França), Fiore (EUA), Kelsey (Inglaterra), Netherton (EUA), Cayce (Inglaterra), Wambach (EUA), Miranda (Brasil) e outros, desenvolveram experiências em torno da regressão de memória com resultados surpreendentes. A regressão de memória extrapolou o campo científico e penetrou nos consultórios de psicólogos. Da crença, à investigação e desta, à utilização como método para início de terapia.
A técnica foi introduzida em terapias sem a preocupação da validação científica, promovendo reações nos organismos oficiais de controle do exercício da profissão. Não que se deva necessariamente submeter-se a tais órgãos mas, não só para mostrar-se que aquela nova prática pode significar uma tendência ou uma nova abordagem em psicoterapia, como também para buscar, através da pesquisa científica, testar sua eficácia. Deve-se criticar a postura de tais órgãos que, de forma subserviente, aceita a psicanálise freudiana como ciência e não acata a regressão de memória como técnica que, inclusive foi utilizada nos trabalhos iniciais de Sigmund Freud (1856-1939), criador da psicanálise.
Terapia regressiva à vivências passadas (TRVP) é o termo empregado para a técnica introdutória ao método terapêutico usado pelos profissionais em psicologia, que buscam (ou que encontram), através da regressão de memória, a provável causa dos conflitos atuais de seus pacientes, em épocas anteriores a existência atual, como também em períodos da infância presente e durante a vida intra-uterina. A expressão foi criada com o intuito de alcançar a interpretação de que esses fenômenos regressivos poderiam se situar em outra esfera que não a das vidas passadas. As vivências passadas poderiam se dar na existência atual ou mesmo de se tratarem de imaginações com um forte sentido de realidade. Dessa forma também poderse-ia fugir à fiscalização dos organismos de controle do exercício da profissão, como também aos opositores sistemáticos e a uma clientela mais preconceituosa.
São diversos os métodos empregados para se alcançar a lembrança do passado. Várias também são as teorias sobre como funciona a mente humana e onde se “localizam” essas memórias. Parece comum a idéia de que as memórias fazem parte do conteúdo inconsciente não armazenado na córtex cerebral, mas sim num organismo subjacente a ele, acessível por mecanismos ainda desconhecidos e estreitamente ligadas ao consciente. A lembrança dos conteúdos oriundos de outras encarnações estaria relacionada com a faculdade de se desligar momentaneamente um corpo do outro, isto é, o corpo físico do perispírito, tornando a informação contida no corpo espiritual, acessível através do corpo físico. Tal faculdade pode ser espontânea, como era o caso de Edgard Cayce, tanto quanto provocada. A acessibilidade espontânea é também possível através de conexões com eventos similares aos ocorridos no passado, que abrem uma espécie de “janela” que possibilita essa ligação. A "janela" é uma espécie de "plug" que promove a ligação da zona consciente com a inconsciente, onde estão as memórias passadas.
Quando nos deparamos com eventos semelhantes os que já vivemos no passado e que tiveram uma carga emocional significativa, é comum voltarmos a ter a mesma emoção anterior. Embora esqueçamos muita coisa do passado, não perdemos aquilo que teve suficiente carga emotiva e que se constitui num núcleo energético que possibilitará oportunamente ser relembrado.
O primeiro passo para as investigações sobre regressão de memória foi dado por Albert De Rochas que, através do magnetismo, constatou a possibilidade da dissociação entre a córtex e o perispírito. Descobriu ele, com a magnetização, a exteriorização da sensibilidade para além do corpo, possibilitando o acesso aos conteúdos mais recônditos da mente humana.
Dessa forma, isto é, com a manipulação de uma energia sutil, a regressão de memória caracteriza-se como um mecanismo automático, sem conotação subjetiva, nem dependente da crença do sujeito ou da contribuição do operador que induziria o sujeito à imaginação fantasiosa. A participação do operador, na aplicação do método de regressão, como direcionador das memórias do sujeito, cai por terra. O magnetismo, ao contrário da hipnose, elimina os aspectos direcionadores da fala do operador, reduzindo sua possível interferência.
A hipnose foi, e ainda é, utilizada por muitos profissionais que praticam a regressão de memória. O processo hipnótico parece modificar a ciclagem cerebral, induzindo o cérebro a alterar sua freqüência para ciclos menores, penetrando em estados de inconsciência. Essa possibilidade, como se pode constatar nos trabalhos da Dr.ª Helen Wambach, elimina o diferencial energético existente entre o inconsciente atual e o que contém as memórias de vidas anteriores. Tal diferencial é responsável pela impossibilidade da lembrança imediata do passado. No processo da reencarnação penetra-se num corpo com freqüências diferentes das existentes no corpo espiritual (perispírito). As memórias estariam em diferentes freqüências.
Cada existência comportaria um gradiente energético para essas memórias. Tal gradiente consiste numa escala de quantidade de energia despendida para cada atitude ou emoção, sendo que, numa mesma existência ele é mínimo, menor que entre existências diferentes. Tal carga energética agregada a uma memória poderá, por similitude com um dado presente, estabelecer uma conexão que desencadearia uma lembrança do passado.
A hipótese da existência do gradiente energético das memórias parece também justificar um outro método, de certa forma revolucionário, do psicólogo americano Morris Netherton. Seu método, em síntese, consiste na repetição de frases identificadas pelo operador no curso das entrevistas com o sujeito, cuja significação relaciona-se com conteúdos emocionais, desencadeando seus significados anteriores. Parece haver conexão entre as vibrações emitidas pela repetição das frases e aquelas inerentes às memórias do passado. Os núcleos traumáticos daquelas memórias seriam o ponto de partida dessas lembranças. Diz-se que só é possível a lembrança do que foi suficientemente forte e intenso nas suas experiências passadas. A carga energética de cada lembrança parece estar associada a uma época, ao local em que ocorreu, ao ambiente e à personalidade que a viveu, formando uma matriz, cujos elementos estariam numa mesma vibração energética. Essa carga energética teria, então, um gradiente pequeno dentro de uma mesma existência. A repetição das frases desencadeia as lembranças que estejam numa mesma freqüência.
O método parece revolucionário por não utilizar a hipnose clássica, nem o magnetismo, nem a indução verbal, presentes em outros experimentadores. A reação do sujeito quando ocorre a repetição das frases, em alguns casos, parece com o transe que se dá em certos tipos de mediunidade. Caberia um melhor estudo das reações do sujeito no momento da catarse do passado.
Creio que, um EEG no momento da lembrança, comparado a um outro no momento do transe mediúnico, poderia servir a estudos muito interessantes. Haveria alguma espécie de transe no momento da lembrança da vivência passada pelo método da repetição de frases? Será que o processo altera a ciclagem cerebral? As terapias que utilizam a regressão de memória ainda são consideradas alternativas, cujo conceito é tomado no sentido pejorativo pelos meios acadêmicos. Vítima do preconceito de alguns profissionais da psicologia, as técnicas regressivas ainda terão seu lugar como métodos terapêuticos imprescindíveis à compreensão dos problemas humanos. Os métodos não são reconhecidos oficialmente pelos conselhos de psicologia e medicina no Brasil. Essa será uma discussão necessária para a próxima etapa da implantação definitiva da pesquisa da reencarnação nos meios acadêmicos.
É comum, nos centros espíritas o uso do método nos processos de desobsessão, aplicados nas reuniões mediúnicas (nem sempre com os devidos cuidados), em espíritos que necessitam enxergar seu passado para compreender seu presente. O uso da regressão de memória nos centros espíritas, no Brasil, ocorreu antes da chegada da TRVP. A Drª . Edith Fiore, em seu livro Possessão Espiritual, usando a hipnoterapia, constatou a possibilidade de estar lidando com espíritos desencarnados e não com memórias anteriores de seus pacientes.
Consideramos que, como método de investigação, a regressão de memória é tão confiável quanto as outras técnicas. Nada deixa a desejar quanto a veracidade dos conteúdos expostos pelos sujeitos, muito embora possa encontrar-se, em certos casos, registros de inconsistência. Tais registros improvados, não invalidam o método, pois as inconsistências podem ser encontradas em outros tipos de observações. O fato de ser um método artificial, isto é, provocado, não lhe retira a credibilidade. Tal credibilidade independe do método pois advém da realidade, isto é, da constatação dos fatos.
A regressão pode levar o indivíduo a vivências, imaginárias ou reais, desta ou de outras encarnações. Pode um indivíduo, sendo biógrafo de alguém, a ponto de saber detalhes íntimos de sua vida, submetendo-se mais tarde a uma regressão, dizer que foi aquele personagem. Isso se daria por mistificação inconsciente ou por algum recalque. Há também um caso relatado pelo pesquisador Henrique Rodrigues, brasileiro de Belo Horizonte-MG, no qual, um ator, submetido a uma regressão, "lembrou-se" ter sido um personagem mitológico (Jasão). Tais ocorrências não invalidam o método como forma de se provar a reencarnação, pois seriam casos isolados.
O mapeamento do cérebro contribuirá para que o homem descubra que, não é nele a fonte dos registros mnemônicos, mas sim em algum ponto fora dele. As áreas cerebrais são instâncias mecânicas por onde transitam sinais elétricos, tais quais estações abaixadoras dos conteúdos perispirituais. Pode encontrar-se registros reencarnatórios bem como de ocorrências da atual encarnação, ali colocadas por transferência do perispírito, de cuja fonte se originam.
Adenáuer Marcos Ferraz de Novaes
Livro "Reencarnação: processo educativo"
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