23/02/2011

AS UMBANDAS..

As Umbandas




“ Sabemos que existem várias correntes de pensamento dentro da Umbanda

e também muitas formas de prática-lá, ainda que todas se mantenham fiéis à

participação dos espíritos nos seus trabalhos ou sessões. Não consideramos

nenhuma das correntes melhor ou pior, nem mais ou menos importante para a

consolidação da Umbanda.Todas foram, são e sempre serão importantes, pois só

assim não se estabelecerá um domínio e uma paralisia geral na assimilação e

incorporação de novas práticas ou conceitos renovadores.



Há quem defenda um ‘tipo ideal’ de Umbanda, descartando outras formas de

praticá-la; assim, alguns reconhecem e outros negam as várias Umbandas. Creio

que podemos trilhar um caminho do meio, no qual a Umbanda é uma, com uma

liberdade litúrgica que lhe permite certas variantes, desde que estas não

desvirtuem

seus fundamentos básicos. A pluralidade deve existir enquanto não colocar em

risco

a unidade. Por exemplo, faz parte de seus fundamentos básicos, portanto de sua

unidade, não cobrar pelos trabalhos; logo, ela pode ter variantes, mas

nenhumadelas deve cobrar para realizar trabalhos espirituais. Logo, falar de

Umbanda é falar

de sua unidade, assim como falar de Umbandas é falar de sua pluralidade. Abaixo

apresento algo dessa pluralidade para nossa reflexão:



Umbanda Branca:

Umbanda,

que a Umbanda era uma ‘Linha’ do Espiritismo ou forma de praticar Espiritismo,

na

qual a Linha Branca se divide em outras sete linhas. Considerar a Umbanda como

Branca subentende-se muitas coisas, entre elas, que possa haver outras umbandas,

de outras cores e ‘sabores’. Mas a questão de ser branca está muito mais ligada

ao

fato de associar ao que é ‘claro’, ‘limpo’, leve’ ou simplesmente ausente do

‘preto’,

‘escuro’ ou ‘negro’ – há um preconceito subentendido -, afinal é uma Umbanda

mais

‘branca’ que ‘negra’, mais européia que afro e, porque não, mais Espírita.

Geralmente, usa-se esta qualificação, ‘Umbanda Branca’, para definir trabalhos

de

Umbanda com a ausência do que chamamos de “Linha da Esquerda’, para Leal de

Souza uma ‘Linha Negra’. Ainda hoje, muitos se identificam dessa forma e,

geralmente, usam isso como um ‘recurso’ para ‘livrar-se’ do preconceito de

outros,

como dizer:

pertencer à ‘Umbanda boa’. Não há uma ‘Umbanda Negra’ ou ‘Umbanda Ruim’, toda

Umbanda é boa.



O termo pode ter surgido da definição de Linha Branca deusada por Leal de Souza

e adotada por tantos outros. A idéia seria deSou Umbandista, mas da Umbanda

Branca – como quem afirmaUmbanda Pura:



grupo que assumiu essa responsabilidade esperava apresentar uma ‘Umbanda

Pura’ (‘desafricanizada’ e ‘orientalizada’), presente na classe média do Rio de

Janeiro. É a Umbanda praticada pelo ‘grupo fundador da Umbanda’ ou

simplesmente o grupo intelectual carioca que lutou pela legitimação da Umbanda,

criando a Primeira Federação Espírita de Umbanda do Brasil, o Primeiro Congresso

Brasileiro do Espiritismo e o Primeiro Jornal de Umbanda. Esse grupo pretendia

uma

‘codificação’ da Umbanda em seu estado mais algo a ser questionado,

independentemente de qual tradição lhe tenha dado origem, pois por trás de uma

cultura sempre há outras culturas, sucessivamente, desde que o Homem é Ao propor

o Primeiro Congresso de Umbanda em 1941, osapiense





Umbanda Popular:

conhecimento de causa, sem estudo ou interesse em entender seus fundamentos. É

uma forma de religiosidade na qual vale apenas o que é dito e ensinado de forma

direta pelos espíritos. O único conhecimento válido se costuma fazer referência

aÉ a pratica da religião de Umbanda sem muitooutras filosofias ou justificar

suas práticas de forma ‘intelectualizada’. Eximindo-se de

autoexplicar-se, reforçam a característica mística da religião, em que,

independentemente de ‘racionalizações’, a prática se sustenta em razão da

quantidade de resultados positivos alcançados. Podemos dizer que os adeptos,

muitas vezes, não sabem ou não tem certeza de como as coisas funcionam, mas

sabem que funcionam. É aqui que muitas vezes deparamos com médiuns que

afirmam, sobre a Umbanda, que não sabem de nada do que estão fazendo, mas que

seus guias espirituais (Caboclo e outros) sabem, e isto lhe basta.

Outrora, alguns afirma que médium não pode saber de nada de Umbanda,

para não mistificar. Muitos caem na armadilha do tempo, em que o jovem de

outrora

agora já sabe de muita coisa que finge não saber, para manter essa idéia de que

nada sabe. Enfim, para nós acreditarmos no estudo dentro da religião, é muito

difícil

abordar um seguimento que não se interessa pela leitura, embora deve-se

reconhecer, para não incorrer no erro, que muitos estudam e conhecem muito das

realidades espirituais que nos cercam e ainda assim preferem manter-se junto de

uma forma ‘pura’ de contato espiritual desintelectualizado.



Umbanda Tradicional:

Branca’, ‘Umbanda Pura’ ou ‘Umbanda Popular’, que são formas mais antigas, mais

conhecidas e mais populares de praticar Umbanda, muito embora esse perfil esteja

mudando. Creio que hoje os terreiros que se adaptaram a uma linguagem mais

jovem, mais intelectualizada e racional estão em franco crescimento, tendo em

vista

que no local de desinformação e/ou bagunça a Umbanda ainda vai secar; e nesse

mesmo solo vai ressurgir novas gerações: crianças que em algum momento,

visitaram um terreiro. Essa criança de ontem, adultos de hoje, podem nos dizer o

quanto foi importante o trabalho da linha das Crianças para a multiplicação da

religião. Tantos se perguntam como criar cursos para as crianças na Umbanda,

como um ‘catecismo’ de Umbanda, ou Umbanda para crianças, preocupados em

como preparar e ensinar religião a nossos filhos. Se os terreiros mantivessem um

trabalho periódico com a incorporação das Crianças espirituais (Erês), bastava

que

este se tornasse o dia de nossos filhos na Umbanda, e nesse dia nossos filhos

aprenderiam sobre Umbanda direto com essas entidades. A curiosidade levaria

nossos filhos a questionar e querer aprender mais sobre a Religião... Portanto,

a

idéia de estudar Umbanda está na base de crescimento e multiplicação da

mesma.Essa qualificação serve para identificar a ‘Umbanda

Umbanda esotérica ou Iniciática:

estudando os fundamentos ocultos, conhecidos apenas dos antigos sacerdotes

egípcios, hindus, maias, incas, astecas, etc. O conhecimento esotérico (fechado)

dos arcanos sagrados, desvelado por meio de iniciações. Foi idealizado com

inspiração na obra de Blavatsky, Ane Bessant, Saint-Yves D’ Alveydre, Leterre,

Domingos Magarinos (Epiaga), Eliphas Levi, Papus, etc. Os fundamentos esotéricos

da Umbanda foram organizados pela Tenda Espírita Mirim e apresentados, alguns

deles, no Primeiro Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda.

O primeiro autor que trouxe esse tema para a literatura umbandista foi

Oliveira Magno, 1951, com o título

contribuições de Tata Tancredo e Aluizio Fontenele. A primeira Escola Iniciática

Umbandista foi o Primado de Umbanda, mais uma iniciativa do Caboclo Mirim. Já na

segunda e terceira geração de autores Umbandistas surgirão alguns que

consideram esse movimento como o único a expressar uma verdade na qual todo o

restante faria uma convergência; algo que remonta a idéia de evolução, pois

quando

toda a Umbanda e até alguns cultos afro-brasileiros evoluíssem, finalmente, se

identificariam com a

umbandistas. Portanto, fica nosso respeito a todas as formas de praticar

Umbanda,

mas que nossa palavra seja forte e incisiva ao afirmar que não existem eleitos

detentores da verdade. Existem sim algumas variantes dentro do que pode ser

considerado Umbanda, e outras que se colocam à margem de seus fundamentos de

caridade e religião brasileira.



É uma forma de praticar a UmbandaA Umbanda Esotérica e Iniciática. (...)

recebeuUmbanda Esotérica, o que ainda hoje é a verdade de muitosUmbanda Traçada,

Mista e Omolocô:



uma Umbanda praticada com influência maior dos Cultos de Nação ou do

Candomblé brasileiro, em que se combinam os fundamentos e os preceitos oriundos

das culturas africanas com as entidades de Umbanda. Pode-se ter os tradicionais

rituais de Camarinha, Bori, Ebós e oferenda de animais com seus respectivos

sacrifícios. Muitos chamam essa variação de

sacerdote e presidente da Federação que mais defendeu a origem africana de

Umbanda foi Tata Tancredo. Autor de inúmeros títulos de Umbanda, ele publicou

seu primeiro livro,

Torres de Freitas, sendo defensor da variação chamada Omolocô, da qual é seu

idealizador no Brasil. Para muitos, Omolocô é outra religião e não apenas umSão

nomes usados para identificarUmbandomblé. O autor, médium,Doutrina e ritual de

Umbanda, 1951, em parceria com Byronseguimento da Umbanda, mas apenas os adeptos

do Omolocô podem dizer qual é a

sua pertença, por mais que se concorde ou discorde de seus fundamentos.



Umbanda de Caboclo:

presença do Caboclo, muitas vezes acreditando que a Umbanda é, antes de mais

nada, a prática dos índios brasileiros revista pela cultura moderna e doutrina

com

conceitos que foram sendo absorvidos com o tempo. Decelso escreveu o títuloÉ uma

variação de Umbanda em que prevalece aUmbanda de Caboclo





Umbanda de Jurema:

Catimbó ou Linha dos Mestres da Jurema, que combina a cultura indígena com a

cultura católica, somando valores da magia européia e, de vez em quando, algo da

cultura afro. O principal fundamento é o uso da Jurema Sagrada, como bebida e

também misturada no fumo, que vai ao fornilho tradicional cachimbo, também

chamado de ‘marca’, feito de Jurema ou Angico. As entidades que se manifestam

são chamadas de Mestres da Jurema. A Umbanda herdou a manifestação do Mestre

Zé Pelintra, que pode vir como Exu, Baiano, Preto-Velho ou Malandro. Quando se

combina os fundamentos de Umbanda e Catimbó, temos essa modalidade, que

pode ser uma Umbanda regional de Pernambuco ou pratica de forma intencional

pelo umbandista que se interessou pela Jurema e descobriu a Linha de Mestres

dentro de sua Umbanda.



No Nordeste, existe um culto popular chamadoUmbandaime:

uma variação da Ayuasca que é um chá preparado com duas ervas de poder, o cipó

Mariri e a folha da Chacrona. De tanto ter visões de entidades de Umbanda e

Orixás

em rituais do Daime, alguns grupos de umbandistas passaram a praticar o

Umbandaime, ou seja, trabalhos de Umbanda ingerindo o Daime ou fazendo os

rituais de Ayuasca, para se comunicar com as entidades de Umbanda. A Umbanda

em si não tem seus fundamentos o uso de bebidas enteógenas, fora os tradicionais

café, cerveja, vinho, ‘pinga’, batida de coco, e outros, que servem apenas como

‘curiador’ (elemento usado para potencializar alguma ação espiritual ou

magistica.

Cada linha de trabalho tem sua ‘bebida-curiador’, entretanto, nem a bebida nem o

fumo são carregados de erva que induza ao estado de transe. A própria bebida

deve

ser controlada. Podem, no entanto, ser consideradas bebidas de poder, como o

‘vinho da jurema’; contudo, a bebida não é o centro do ritual, e sim um elemento

auxiliar. No caso do Daime, este está no centro do culto, o poder que se

manifestaO Santo Daime é uma religião nativa do Amazonas, sendopor meio do chá é

que conduz o adepto. Na Umbanda, quem conduz o trabalho são

os espíritos guias, com ou sem Daime.



Umbanda Eclética:

pouco, fazendo, por exemplo, uma bricolagem de Orixás com Mestres

Ascensionados e divindades. Recorrem à conhecida Linha do Oriente para

justificar

a presença de tantos elementos diferentes do Oriente e Ocidente junto do

esoterismo, ocultismo e misticismo.



Chama-se eclética a Umbanda que mistura de tudo umUmbanda Sagrada ou Umbanda

Natural:



dar palestras, Rubens Saraceni sempre dizia que fazia questão de se referir à

Umbanda como Sagrada. Não havia intenção de criar uma nova Umbanda, apenas

ressaltar uma qualidade inerente à mesma. Na apresentação de seu primeiro título

doutrinário

livro em questão guarda uma coerência bastante grande,

termo entre o popular e o iniciático, ou entre o exotérico e o esotérico.

de Umbanda,

Analógica, Numerológica, Oculta, Aberta, Popular, Branca, Iniciática, Teosófica,

Exotérica e Esotérica. Para então afirmar que:

Orixás, que são senhores dos mistérios naturais, os quais regem todos os pólos

umbandistas aqui descritos. Muitos optam por substituir a designação de ‘Ritual

de

Umbanda Sagrada’, dada a Umbanda Natural [...].

Umbanda é algo natural e sagrado, adjetivos que se aplicam ao todo da Umbanda e

não a um segmento em particular. No livro

as várias ‘Umbandas’ e comenta que,

seguimentações dentro da religião Umbandista [...].

criar novas abordagens para outros tantos, criando uma Teologia de Umbanda.

Seus conceitos se expandiram muito rapidamente, assim como a

popularidade de títulos como Quando começou a psicografar eUmbanda: o ritual do

culto à Natureza, publicado em 1995, afirma que oo de trilhar em um meioJá no

Códigono capítulo ‘Umbanda Natural’, cita: Umbanda Astrológica,

Filosófica,Natural é a Umbanda regida pelosFica claro que, para o autor, aAs

sete linhas de Umbanda, volta a citarna verdade, e a bem da verdade, tudo

sãoAinda assim, sem a intenção deO guardião da meia-noite e Cavaleiro da estrela

guia.Sua forma de apresentar, entender e explicar a Umbanda foi identificada ou

rotulada

de

um Todo também chamado de



Umbanda Cristã:

no Caboclo das Sete Encruzilhadas a entidade que lançou seus fundamentos

básicos. Logo na primeira manifestação, essa entidade já esclareceu que havia

sido,

em uma de suas encarnações, o frei Gabriel de Malagrida, um sacerdote cristão

queA Umbanda, fundada no dia 15 de novembro de 1908, temqueimado na ‘Santa

Inquisição’ por ter previsto o terremoto de Lisboa, sendo que,

posteriormente, havia nascido como índio no Brasil.

Ao dizer qual seria o nome do primeiro templo da religião, Tenda Espírita

Nossa Senhora da Piedade, porque ‘assim como Maria acolheu Jesus, Da mesma

forma a Umbanda acolheria seus filhos’, já dava uma diretriz cristã à nova

religião.

Há um conto sobre o Caboclo das Sete Encruzilhadas que diz ter sido chamado por

Maria, Mãe de Jesus, para semear a nova religião.



Todo trabalho e doutrina de Zélio de Moraes tem esse perfil cristão,

subentendendo Umbanda Cristã, antes de ser ‘Umbanda Branca’ ou ‘Umbanda

Pura’, outros adjetivos que foram associados à sua forma de praticá-la.

Jota Alves de Oliveira crê na Umbanda Cristã e nos apresenta uma reflexão

sobre essa forma de entender a Umbanda no Livro

No mesmo livro encontramos as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas,

gravadas por Lilia Ribeiro em novembro de 1971, em fica claro a relação de

importância cristã da Umbanda propagada por Zélio de Moraes, como vemos a

seguir:

Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao Planeta Terra na humilde

manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a

casade um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser Sua Mãe,

esse

espírito que viria traçar à humanidade os passo para obter paz, saúde e

felicidade.

Que o nascimento de Jesus, a humildade em que ele baixou à Terra, a estrela

que iluminou aquele estábulo, sirvam de exemplos, iluminando os vossos

espíritos,

tirando os escuros da maldade por pensamento, por práticas e ações; que Deus

perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar

emOutro elemento que endossa a qualidade cristã da Umbanda é o arquétipo

dos Pretos-Velhos, que são ex-escravos batizados como nomes católicos e que

trazem muita fé em Cristo, nos Santos e Orixás.

As qualidades cristãs e a presença dos santos católicos confortam e

tranqüilizam quem entra pela primeira vez em um templo umbandista, muito embora

não se limitam a adornos, e sim a uma presença espiritual dos mesmos.”

Cumino, Alexandre. HISTÓRIA DA UMBAN DA: Uma Religião brasileira. São Paulo,

Madras, 2010. Pág.82

a 89

vossos corações e nos vossos lares [...].



A Umbanda com a qual nos identificamos é aquela que tem finalidades

elevadas e educativas, onde se recomenda a reforma e a lei de amor ao próximo.

Onde se aconselha o perdão e não se atiça o consulente à luta, ao acirramento.

Onde já foi substituído o olho por olho, de Moisés, pelo ensino de Jesus: quem

com

o ferro fere com o ferro será ferido, que corresponde a outro ensinamento: com a

mesma medida que medires sereis medidos. De modo que, além do passe e do

conselho, ou da corrente de descarga, o adepto ou simpatizante tenha em vista a

sua reforma, a sua melhoria, tanto moral-espiritual como material, em sentido de

seu

aperfeiçoamento.



A Orientação Doutrinária do evangelizado Espírito do Caboclo das Sete

Encruzilhadas nos levou a considerar e historiar seu trabalho enriquecido das

lições

do evangelho de Jesus, com a legenda: Umbanda Cristã e brasileira.Umbanda Cristã

e brasileira:Umbanda Sagrada. Palavra que para este autor engloba toda a

Umbanda, comoUmbanda Natural.para explicar essa variação de Umbanda.religiosus.

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