18/02/2011

A Verdade Libertadora


A verdade predomina sempre.
O culto à mentira é dos mais danosos comportamentos a que o indivíduo se submete. Ilusão do ego, logo se dilui ante a linguagem espontânea dos factos. Responsável por expressiva parte dos sofrimentos humanos, fomenta a calúnia — que lhe é manifestação grave e destrutiva — a infâmia, a crueldade...
A maledicência é-lhe filha predileta, por lhes expressar os conteúdos perturbadores, que a imaginação irrefreada e os sentimentos infelizes dão curso.
Além desses aspectos morais, a mentira não resiste ao transcurso do tempo. Sem alicerce que a sustente, altera a sua forma ante cada evento novo e de tal maneira se modifica, que se desvela. Por ser insustentável, quem se apoia na sua estrutura frágil padece insegurança contínua.
Porque é exata na sua forma de se apresentar, a verdade é o inimigo formal da mentira. Enquanto a primeira esplende ao sol dos acontecimentos e se exterioriza sem qualquer exagero, a segunda é maneirosa, prefere a sombra e comunica-se com sordidez. Uma é fruto da realidade; a outra, da fantasia, que não medita nas consequências de que se reveste.
A mentira teme o confronto com a verdade. Aloja-se nas sombras, espraia-se, às escondidas, e encontra, infelizmente, guarida.
A verdade jamais se camufla; surge com força e externa-se com dignidade. Não tem alteração íntima, permanecendo a mesma em todas as épocas. Ninguém consegue ocultá-la, porque, semelhante à luz, irradia-se naturalmente. Nem sempre é aceite, por convidar à responsabilidade. Amiga do discernimento, é a pedra angular da consequência de si mesmo, fator ético-moral da conduta saudável.
Enquanto a mentira vigorar, a acomodação, o crime afrontoso ou sob disfarce, o abuso do poder e a miséria de todo o tipo predominarão na Terra, exaltando os fracos, que assim se farão fortes, os covardes, que se tornarão estóicos, os astutos, que triunfarão em detrimento dos sábios, dos nobres e dos bons...
Face a tais logros, que propicia, não obstante efémeros, os seus famanazes e cultuadores detestam e perseguem a verdade. Não medem esforços para lhe impedir a propagação, por saberem dos resultados que advirão com o seu estabelecimento entre as criaturas.
São baldas, porém, tão insanas atitudes.
A verdade espera, os seus opositores enfermam, envelhecem e morrem, enquanto ela permanece.
A mentira é de breve existência. Predomina por um pouco, esfuma-se e passa...
Na sua constituição molecular, conforme se apresenta, o corpo é uma realidade-mentira, por ser um revestimento transitório, que sofre alterações incessantes até ao momento da sua transformação fatalista pela morte.
O espírito é o ser; o corpo é o não-ser, conforme definiu Platão.
A busca da verdade — o que é… permanece — é a meta da existência física.
A verdade cresce à medida que o ser se desenvolve. Sem abandonar as suas raízes, faz-se profunda, é sempre atual e enfrenta a razão em todas as épocas com os equipamentos da lógica e da realidade.
Ela objetiva sempre alcançar o ser na sua plenitude, permanecendo como diretriz para a vida, sustentação dos ideais e segurança para todos os cometimentos. É a grande libertadora da criatura. Sem a sua vigência predominam as trevas, a barbárie, o abuso dos costumes.
A verdade é pão que nutre, medicamente que cura, guia que conduz com equilíbrio. Jamais fica desconhecida, por maiores que sejam os obstáculos que se lhe anteponham. Escapa a qualquer controle, por ser soberana, e, mesmo quando aparentemente morta, renasce.
O encontro com a verdade produz choque, por significar o desaparecimento da ilusão, a saída do comodismo, da paralisia, do prazer frustrante.
Jesus, em resposta admirável, afirmou: — Busca a verdade e a verdade te libertará.
*
Ninguém tem o direito de ocultar a verdade, como se fosse uma luz que devesse ficar escondida. Onde se encontre, irradia claridade e calor.
O seu conhecimento induz o portador a apresentá-la onde esteja, a divulgá-la sempre. Pelos benefícios que proporciona, estimula à participação, à solidariedade, difundindo-a.
Quem a encontrou, sente-se convidado a torná-la conhecida, a esparzi-la como pólen de vida.
Embora muitas criaturas cheias de si, vítimas do orgulho e da prosápia, não demonstrem interesse em travar contacto com ela, não a ocultes por timidez, receio ou preconceito dos outros. A tua fé espírita fundamenta-se na verdade. Vem de Jesus-Cristo, que a anunciou.
Sem agredir ninguém, ou impô-la, coloca-a, sem qualquer constrangimento, no velador, a fim de que todos a conheçam, e com ela se relacionem aqueles que estiverem interessados ou necessitados.
Faz a tua parte, e a vida fará o restante.

Joanna de Ângelis

(De “Sob a proteção de Deus”, de Divaldo Pereira Franco – Diversos Espíritos).

***
Abraços de Paz!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

deixe seu comentário do texto lido..