30/03/2012

UMBANDA E ESPIRITUALIDADE




UMBANDA& ESPIRITUALIDADE

Por João Coutinho



Algumas pessoas meperguntam o porquê médiuns de Umbanda possuem uma vida cheia de dor esofrimentos. É claro que não é bem assim, uma regra geral, entretanto, cabeaqui uma explicação para o melhor entendimento sobre mediunidade eespiritualidade.

Tudo se inicia antes daencarnação do espirito num corpo humano, neste processo verifica-se o que o seprecisa para dar seguimento a sua ascensão espiritual. Ao encarnar-se aconsciência estará subjugada a limitações do corpo, como o esquecimento e opoder de escolha vinculada ao ego. O corpo físico é apenas um receptáculo quepossui como mestre o cérebro. Suas limitações faz com que a metade da realidadeem que vivemos seja rejeitada.

Neste processo cria-secondições para que o futuro encarnado possa cumprir seu objetivo na terra.Inicia-se assim, a preparação de influências externas e internas que vão levara forma material a ser direcionado para o cumprimento de sua sina.

Dentro deste orbe aqual o espirito se designa, são escolhidos os pais que vão doar as herançasgenéticas indispensáveis, dentre elas, as possíveis doenças, compatibilidades,sexualidade, vocação e mediunidade. Sim, a mediunidade é um dom. Inclusive ahereditariedade social, tanto da família e sociedade que vão influenciar nareligião, estudo e outros.

A data e hora donascimento têm como finalidade buscar as influências astrais, assim como, aregência do orixá que vão se processar na personalidade, no gênio, a propensãotrabalhista e outras influências astrológicas e de seu regente. Por isso épossível descrever uma pessoa nascida em um determinado signo ou de seu orixá.

Depois de implantada asemente no corpo encarnado, este fica suscetível às escolhas da matéria, feitaspelo ego. O corpo humano é comandado pelo cérebro e este é sugestionável a todotipo de influências, condicionamento, hábitos e crenças. Há uma parte docérebro que não promove a escolha, esta parte é chamada de cérebro reptiliano, ondeinicia a consciência na forma de instintos. A segunda parte é chamada decérebro mamífero ou sistema límbico, onde inicia a consciência na forma de emoçõespor fim o cérebro primitivo ou neocórtex, que inicia a consciência racional.

Não se escolhe quemama, simplesmente ama e pronto, tampouco diz a um leão ou a um urso que podemrosnar o quanto quiserem, pois escolheu não ter medo deles, e olhar para umabarata e dizer, “Olá, eu escolhi ter medo de você”. O amor como sentimento, omedo e o desejo não são escolhas, é uma condição humana programada no cérebro. Aescolha encontra-se no desejo de viver aquele amor, ou não, e no controle mentaldo medo e do desejo.

A eliminação ou adissolução do ego em coisas boas é imprescindível para ter-se verdadeirasescolhas. Quanto mais próximo da consciência encarnada, maior será a condição devivenciar a verdadeira vontade. Entretanto, por mais que viva uma vida correta,com religiosidade e atitudes corretas, não o livra do que foi programado e doque foi destinado à consciência encarnada. A maneira correta de ser influencia navelocidade, na frequência e na forma como lidamos em frente às expiações e ascobranças cármicas.

Significa que para quehaja uma mudança na realidade ao seu redor tem como causa primeira uma mudançainterior, como pensamentos, atitudes e outros, porque estamos expostos à causae efeito das escolhas. Quando há uma mudança na realidade, como causa primeira,sem interferência das escolhas, significa uma ação necessária da criação com opropósito de corrigir o desejo de receber para si mesmo, não sendo a causa eefeito como fator importante e sim o resultado, a vontade espiritual de seevoluir.

Além disso, age deforma direta no ego, para que se transforme. O egocentrismo é um programa quediz “O que eu vou ganhar com isso”. Assim, muitas de nossas atribulações e sofrimentossão causadas não pela vontade espiritual e sim por causa de nossas escolhasvoltadas ao ego, estas sim podem ser evitadas e moldadas por nós. O que comandaestas escolhas é a vontade de receber, no entanto o universo e a natureza sãodoadores. O ar que respiramos os alimentos que nos sustentam e a vida que nosressurge neste mundo é uma doação para nossa elevação espiritual.

A Umbanda, inclusive osOrixás que reinam em cada ponto energético da natureza possuem um complexodoador. As faculdades mediúnicas é uma doação a qual a mediunidade faz aumentaresta frequência receptora do ser humano.

Mas a mesma força que elevapara uma espiritualidade plena, também puxa para baixo. O sofrimento e asexpiações não podem ser encarados como uma punição e sim como uma correção. Aqueda é inevitável, ela dá uma sensação de fracasso, de que não se aprendeunada e que tudo foi em vão. Isso significa que há um principio de direita queacrescenta e um principio de esquerda que rejeita, que quando acionado vaifazer as cobranças cármicas necessárias para correção interior.

Este princípio tem comoobjetivo de mudar a qualidade de recepção, corrigindo-o para uma transformação,para que se retome de onde parou, seria impossível continuar se elevando comalgumas condições e faculdades do ego inseridas na consciência espiritual.Podemos dizer que o “Sofrimento é a força que nos faz avançar inconscientemente”.Quanto mais tempo estivermos presos a esta correção, mais demorado será osofrimento.

É neste ponto queretomo a pergunta feita por alguns médiuns. Toda ou qualquer que seja afilosofia ou religião, esta deve ser voltada a fazer com que as pessoas semelhorem como seres humanos. Ninguém pode mudar ninguém, portanto o trabalho aplica-sena direção de fazer o individuo se melhorar como pessoa.

Templos de Umbanda quedirecionam seus trabalhos apenas a incorporações, rituais, magias e feitiçosvoltados para o ego, sem um processo de aprendizagem o qual tem como objetivoos conceitos espiritualistas, dando lugar a fofocas, intrigas e crenças dosanto mais forte, quem dança melhor, quem é o pai de santo com mais poder e desejospara satisfação do ego, como, por exemplo, feitiços de amarrações (perdi o meuamor, mesmo que ele não me queira mais eu o quero de volta pra mim) e simpatiasque vão apenas favorece-los, estes templos, estão fadados ao fracasso.

Seus médiuns, por maisque consigam receber, ficam perdidos e quando o sofrimento os perturba vem àdescrença. A descrença é um sinal que você acredita demais e que isso não estáte fazendo bem. Não a crença em Deus ou no Orixá, mas as crenças limitadoras,onde seu Deus está matando seu Deus. Em toda crença nasce uma crençalimitadora, é como dizer que “Deus é amor e ao mesmo tempo dizer, se você nãoacreditar nele, será julgado, irá para o inferno e sofrerá toda desmazela davida, queimará no fogo do inferno, será espetado com o tridente do diabo atéficar reduzido ao pó e jamais será salvo, mas lembre-se Deus te ama”.

A descrença é umaresposta importante em nossa vida, exatamente quando exageramos em acreditarque o orixá pode nos livrar de tudo e acabamos por desrespeita-lo,transformando-o em nosso servo.

Nada adianta fazeracordo, tratados e subornos com dizeres “Se meu guia ou orixá me dar isso eudarei aquilo para ele”. O segredo é doar para receber, receber e doar. Subornossão uma infantilidade do médium que age como uma criança mimada e birrenta,onde aquilo que fazem com seus pais da matéria querem fazer também com seuspais espirituais. Mesmo que tentem fazer algo, em alguns casos, os cobradores cármicos,vão desfazer, ou cobrar depois. Caso o médium não consiga ter uma percepção darealidade, é levado à descrença, porque suas atitudes estão o prejudicandotrazendo mais sofrimento. Em seguida é movida a outra religião ou filosofia queo faça perceber que deve melhorar como pessoa, isto é uma correção.

Um Templo de Umbandadeve-se organizar, não somente para trabalhar o seu lado ritualístico, mas comoum sistema de aprendizagem espiritualista, às vezes é cansativo, e muitos delesestão presos ao hábito de que somente o ritual vai trazer a eleespiritualidade. Cortar este hábito pela raiz é complicado, mas com organizaçãoe vontade pode ser feito. Apresentando o médium como um ser receptor-doador enão apenas como receptor, e que todo desejo possa ser compartilhado, não sendosomente ele o beneficiado. A bandeira da Umbanda é a caridade, um verdadeiroumbandista jamais deve esquecer-se disso.
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