15/03/2010

Pergunta: Por que tantas pessoas escolhem o sofrimento?

Sei que a palavra escolher é um termo muito usado na Nova Era, mas não é apropriado ao presente contexto. É uma ilusão dizer que alguém “escolhe” um relacionamento problemático ou alguma situação negativa na vida. Uma escolha sugere uma consciência, um alto grau de consciência. Sem ela, não há escolha. A escolha começa no instante em que nos desidentificamos da mente e de seus padrões condicionados, o instante em que nos tornamos presentes. Até alcançar esse ponto, você está inconsciente, espiritualmente falando. Significa que você foi obrigado a pensar, sentir e agir de determinadas maneiras, de acordo com o condicionamento da sua mente. É por isso que Jesus disse: “Perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem.” Isso não está relacionado à inteligência no sentido convencional da palavra. Já encontrei inúmeras pessoas altamente inteligentes e educadas que eram também coompletamente inconscientes, o que significa dizer, completamente identificadas com suas mentes. Na verdade, se o desenvolvimento mental e o aumento do conhecimento não são contrabalançados por um crescimento correspondente na consciência, o potencial para a infelicidade e o desastre é muito grande.
A mente, condicionada como é no passado, sempre busca recriar o que conhece e com o que está familiarizada. Mesmo que seja doloroso, ao menos é familiar. A mente sempre se apega ao que lhe é familiar. O desconhecido é perigoso porque ela não tem controle sobre ele. É por isso que a mente não gosta do momento presente e prefere ignorá-lo. A percepção do momento presente cria um espaço, não somente no fluxo da mente, mas também no contínuo do passado e futuro. Nada realmente novo e criativo pode acontecer nesse mundo a não ser através desse espaço, um espaço nítido com infinitas possibilidades.
Mas o padrão mental é a pessoa? Sua verdadeira identidade é o passado? Necessário é ser a presença observadora por trás dos pensamentos e das emoções. Somente tendo consciência de onde vem o sofrimento poderá ocorrer a libertação dele. Há que se praticar a arte da percepção do corpo interior. Perceber o sentido da presença, a capacidade de acessar o poder do Agora e, em conseqüência, romper com o passado condicionado, para só então exercitar o seu verdadeiro poder de escolha.
Ninguém escolhe o problema, a briga, o sofrimento. Ninguém escolhe a doença. Elas acontecem porque não existe presença suficiente para dissolver o passado, ou luz suficiente para dispersar a escuridão. Você não está aqui por inteiro. Você ainda não acordou. Nesse meio tempo, a mente condicionada está governando a sua vida.
Do mesmo modo, se você é uma das inúmeras pessoas que têm assuntos mal resolvidos com os pais, se ainda guarda ressentimentos por alguma coisa que eles fizeram ou deixaram de fazer, então você ainda acredita que eles tiveram uma escolha e que poderiam ter agido diferente. Sempre parece que as pessoas fizeram uma escolha, mas isso é ilusão. Enquanto a sua mente, com os seus padrões de condicionamentos, dirigir a sua vida, enquanto você FOR a sua mente, que escolhas você tem? Nenhuma. Você não está nem ligando. O estado identificado com a mente é altamente defeituoso. É uma forma de insanidade. Quase todas as pessoas estão sofrendo dessa doença em vários graus. No momento em que você perceber isso, não haverá mais ressentimento. Como você pode se ressentir com a doença de alguém? A única resposta adequada é compaixão.
Pergunta: Quer dizer que ninguém é responsável pelos atos que pratica? Não gosto dessa idéia.
Se você é governado pela mente, embora não tenha escolha, vai sofrer as conseqüências da sua inconsciência e criar mais sofrimento. Você vai carregar o fardo do medo, das disputas, dos problemas e do sofrimento. Até que o sofrimento force você, no final, a sair do seu estado de inconsciência. Ou seja, em estado de consciência não existe a necessidade do sofrimento.

Do FANTÁSTICO livro O poder do Agora – Eckhart Tolle

Simonne Xavier
obs.: Este livro é muito interessante, uma ótima leitura!

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