A CASA DOS ESPÍRITOS
Saiba como é um terreiro e o que acontece no ritual
O terreiro é o local sagrado dos umbandistas, onde acontecem o culto aos orixás e as “giras”, sessões em que os médiuns incorporam espíritos e atendem o público. Um terreiro típico tem uma “equipe” de 20 pessoas e costuma receber 100 fiéis em noite de rito, que dura de 2 a 4 horas. É um ambiente simples, sem ostentação (principalmente quando comparado a uma igreja católica ou um templo evangélico). Tudo é muito branco, iluminado e limpo. Aliás, precisa ser, para favorecer o fluxo de energia espiritual.
Toda noite de rito é precedida de um dia de muito trabalho para os sacerdotes e auxiliares. Eles têm de chegar horas antes, vestir o traje cerimonial (quase sempre branco), preparar oferendas, purificar tudo e todos com defumador. Antes, depois e principalmente durante as giras é preciso ter sob controle o estoque de velas, flores, ervas, charutos, cachimbos, doces, chás e bebidas alcoólicas, itens usados para receber as entidades.
A umbanda é uma organização descentralizada, ou seja, cada terreiro é independente para ditar suas próprias regras. Dependendo da casa, o ritual pode ser mais católico, mais espírita, mais indígena ou mais do candomblé. O altar pode ter figuras de santos, orixás, entidades ou não ter imagem alguma. Álcool, fumo e percussão, fundamental para muitos terreiros, são proibidos por outros. E é tudo umbanda, “a religião brasileira”, variada como seu país.
Emiliano Urbim
O TERREIRO
PORTEIRA
A entrada do templo. Quem entra é defumado e descalço, para permitir a troca de energia com o chão
COMÉRCIO
Muitos templos têm lojinhas com livros de umbanda, velas e essências, além de lanches para antes e depois do ritual
BASTIDORES
Alguns santuários possuem anexos onde o pessoal de terreiro troca de roupa e se prepara espiritualmente antes dos rituais. Em terreiros onde ocorre mais de uma gira por noite, esse anexo serve como um local de descanso onde os médiuns literalmente recarregam as energias
CONGÁ
O espaço sagrado do terreiro, onde o rito acontece (mais detalhes na página ao lado). Geralmente um salão retangular de paredes brancas. Na frente ficam médiuns e auxiliares, e atrás, o público. Na hora da incorporação, a platéia vai até os médiuns para se consultar. Em alguns locais, o piso é de chão batido ou areia
QUINTAL
Nos arredores do congá geralmente há altares individuais com imagens das entidades incorporadas. Alguns terreiros também possuem horta própria, onde são colhidas ervas usadas na defumação do templo, nas oferendas sagradas e durante o ritual
MESTRE
O pai ou mãe-de-santo é o médium principal, que comanda a ordem dos eventos e se dirige diretamente ao público. Abre e encerra o culto falando como ele mesmo, mas, durante a incorporação, assume a personalidade, a voz, os trejeitos e os acessórios da entidade que baixou nele
MÉDIUNS
Ficam na linha de frente, para atender os fiéis. Geralmente, os homens ficam à direita do mestre, e as mulheres, à esquerda. Em algumas casas, essa divisão também é feita no público. Tudo para equilibrar as energias
OGÃS
Os percussionistas que dão ritmo ao ritual, transmitindo vibrações com seus atabaques. Um cantor próximo a eles é quem puxa cada um dos “pontos cantados”, em seguida entoados por todo o terreiro
CAMBONES
Coordenam o atendimento ao público e auxiliam os médiuns, fornecendo os itens necessários (charutos, bancos, colares) quando eles incorporam as entidades
CONSULTA
Você conta seu problema, e a entidade incorporada passa “o preceito”, a prescrição que deve ser cumprida, muitas vezes envolvendo oferendas. Dependendo, o médium “faz o passe”, ou seja, anula as suas vibrações negativas
CONSULENTES
Quem chega cedo senta, o resto precisa aguardar na fila a hora de ser atendido
Nenhum comentário:
Postar um comentário
deixe seu comentário do texto lido..